No Lugar de um Manifesto

[tradução do capítulo 02 do livro Anarchy in the age of Dinosaurs, por Curious George Brigade]

Nós vivemos em uma era de dinossauros, Ao nosso redor enormes berremutes sociais, econômicos, e políticos vagam por ambientes destruídos, por todo o planeta lançando sombras que ameaçam a vida. Existe um esforço titânico acontecendo em nossas comunidades conforme Capitalisto-Rex e Estadossaurus lutam para encherem suas barrigas com mais recursos e poder enquanto se defendem das garras de espécies competidoras como o recém descoberto, o selvagem Pterror-dactyls. A batalha entre esses gigantes é terrível, mas não pode durar para sempre. A Evolução está contra esses tiranos condenados. O sol deles já se põe e os olhos brilhantes de outros reluzem nas trevas, exigindo mudança.

Nem todos esses olhos são muito diferentes dos répteis tiranos que atualmente dominam o globo. Eles inspiraram dinossauros menores que aguardam sua vez de dominarem. Esses dinossauros menores são as ideologias fossilizadas da Esquerda. Apesar das promessas sedutoras, eles oferecem apenas uma versão mais confortável do sistema atual, e no final não são mais liberatórios que os mestres maiores, como os governos “socialistas” do Leste Europeu. Suas garras podem ser menores e seus dentes não tão afiados, mas seu apetite e métodos são os mesmos de seus parentes maiores. Anseiam pela massa: o eterno sonho da criança de ser gigante. Eles acreditam que se conseguirem chegar a uma massa suficiente, através de partidos, organizações, e movimentos, então eles poderão desafiar os dinossauros mestres e arrancar o poder deles.

Nas frescas sombras da noite, nas copas das árvores de florestas esquecidas, e nas ruas das cidades devastadas ainda existem outros olhos. Olhos ligeiros e corpos esguios alimentados de esperança, olhos que brilham com a possibilidade da independência. Essas criaturas pequenas vivem na periferia, nas pegadas e sombras de dinossauros. Suas orelhas não respondem aos chamados de dinossauros menores que querem os consumir e criar “um grande dinossauro” para dominar a todos os outros. Essas pequenas criaturas de sangue morno são muitas e variadas, vivendo da abundância descartada que os dinossauros em sua arrogância, pisoteiam. Eles conspiram juntos nas sombras e dançam quando os gigantes dormem exaustos. Eles constroem e criam, encontram novas e redescobrem esquecidas maneiras de viver, confiantes que a tirania terá um fim. Nós sabemos que esse reinado draconiano não irá durar para sempre. Mesmo os dinossauros sabem que sua era deve acabar: o meteoro certamente chegará Seja pelo trabalho das curiosas criaturas de sangue quente, seja por alguma catástrofe desconhecida, os dias ruins de colossais autoridades reptilianas acabará. O monótono uniforme de escamas blindadas será substituído por um traje de penas, pêlos e pele macia em um milhão de tons.

Essa é a anarquia na era dos dinossauros.