CONTRA a Quarta e Quinta Revolução Industrial

O texto à seguir, é de autoria do coletivo 325, até onde pude verificar, as influências ideológicas do grupo estão voltadas ao individualismo e ao insurrecionalismo, apesar de considerar essas práticas-ideias como válidas e celebrar a existência dessas pessoas e grupos, não temos (e não precisamos ter) grandes acordos com relação a como projetamos nossa luta na sociedade.

Dito isso, destaco dois pontos principais desse texto, como extremamente instigantes. Primeiro, a análise das Revoluções Industriais como processos de expropriação contra a classe trabalhadora e o papel desses eventos na desassociação do ser humano, com seu meio ambiente, meio social e atualmente, um processo de desligamento do indivíduo com seu próprio corpo.

O segundo ponto, é a capacidade de projeção de um futuro próximo, levando em conta tecnologias emergentes e tendências econômicas políticas. Como pessoas que projetam um mundo diferente, é vital que tenhamos um bom entendimento de pra onde os ventos apontam.

Publicado originalmente em inglês e espanhol em enoughisenough14.

CONTRA A Quarta e Quinta Revolução Industrial

“Uma característica da quarta revolução industrial é que ela não muda o que fazemos, muda a nós mesmos.” Klaus Schwab, excutivo e fundador do Fórum Econômico Mundial, Fórum que instalou um Centro para a Quarta Revolução Industrial em São Francisco, nos Estados Unidos.

Uma revolução industrial é um evento político, social e econômico em que a elite se apodera do que é livre – terra, natureza, talentos, relações sociais, habilidades e sonhos – e os reembala, os transformando em agentes dentro dos mecanismos de lucro e poder. Para fazer isso, eles privam a maior parte da população de autonomia, autodeterminação, autossuficiência, autoestima, relacionamentos, e liberdade.

Nós tivemos três revoluções industriais nos últimos 250 anos. No momento estamos às vésperas da quarta e quinta revolução industrial. Todas essas revoluções vieram a ser fundamentalmente baseadas na extração e devastação industrial de nosso ecossistema.

A Primeira Revolução Industrial aconteceu entre 1760 e 1970 quando água e vapor foram usados para mecanizar a produção através da invenção do motor a vapor, que também teve o efeito da “globalização” ou do deslocamento através de ferrovias. A Primeira Revolução Industrial quebrou a relação das pessoas com a natureza, avançando a era das cidades. A Segunda Revolução aconteceu entre 1870 e 1914 e trouxe o poder da eletricidade para o Ocidente, juntamente ao aço, óleo e o motor por combustão, possibilitando a produção em massa e erradicando as pequenas indústrias de artesãs. A Terceira Revolução Industrial começou nos em 1980 quando eletrônicos e tecnologia da informação automatizaram a produção e passaram a descentralizar até que a ascensão da revolução da tecnologia digital eventualmente “democratizou” o computador pessoal e a internet, um evento que ajudou a agravar a já enfraquecida relação entre a humanidade ocidental e o mundo natural, e também entre si, conforme cidadãos se tornaram parte de uma comunidade global ao invés de uma comunidade local, que tem desaparecido rapidamente. A Terceira Revolução Industrial e a insipiente Quarta Revolução tem criado solidão sistemática, isolamento, proliferação de problemas mentais e uma maior dependência do sistema: quando relações humanas e redes familiares já não podem mais ser garantias da nossa sobrevivência, somos levados a crer que a dependência nas máquinas pode.

Essas sucessivas revoluções industriais consolidaram e aprofundaram essa ruptura, não apenas com o mundo natural para boa parte da população mundial, agora urbana e dependente dos mecanismos da cultura civilizada, mas também levou a um aumento no distanciamento ainda maior entre ricos e pobres.

O objetivo da Quarta Revolução Industrial (4RI) é a convergência das tecnologias físicas, biológicas e digitais sob o propósito de uma nova visão da humanidade e do planeta. 4RI, CyberPhysical ou Indústria 4.0 envolve conectividade em massa, inteligência artificial, robótica, acesso de conhecimento via internet, armazenamento, veículos autônomos, poder de processamento massivo via 5-G, impressão 3D, nanotecnologia, biotecnologia, genética, bio-printing (manufatura de células, órgãos e corpos), expansão do tempo de vida, realidade aumentada, ciência de materiais, armazenamento de energia, computação quântica, e Internet das coisas (IoT) como em prédios smart e cidades smart, blockchain e criptomoedas. Essas são tecnologias “disruptivas”, em sentido amplo: administração, finança, logística, sociedade, ontologia humana. Ela também é implementada através do apelo da 4RI para nossa “conveniência, conforto, harmonia e prazer”. É isso que significa um mundo de “tecnologias sem fricção”, um mundo tecnificado.

Nesse mundo novo, o Covid-19 deu a tecno-elite ótimas das oportunidades: Populações globais fisicamente isoladas umas das outras, em alguns países sendo permitido um abate tácito de humanos que até então eram um fardo para um sistema que não precisava deles. Nossa dependência total da tecnologia, para a comunicação, trabalho e entretenimento, o uso dessas tecnologias para instituir vigilância massiva, e experiências de medo e mortes em escala até então inimagináveis. Esse cenário também nos revelou algumas verdades: Apesar de dois séculos de “progresso”, tudo que as elites fizeram foi proteger seus próprios empreendimentos, sistemas públicos de assistência foram destruídos; e a humanidade tem sido “desconectada” da natureza tão completamente que de fato, nós não conseguimos sustentar a nós mesmos durante uma crise, sem o sistema e que as promessas da elite – sejam políticas, econômicas ou tecnológicas – jamais serão cumpridas.

Se a 4RI é a consolidação dos meios – as novas tecnologias em si – que as elites irão tentar usar para confrontar a instabilidade resultante da desigualdade de recursos, colapso climático e a ascensão da computação e do poder pós-industrial, então, a Quinta Revolução Industrial (5RI) começa no momento em que houver aceitação massiva dessas novas tecnologias que convergem com nossos corpos, ambientes e realidades em tal grau que a máquina-mundo será sempre presente, desde a nano escala até o ponto mais distantes que os humanos atingirem no espaço.

Esse é o motivo pelo qual se você fizer qualquer pesquisa básica sobre 5RI, vai encontrar apenas capitalistas usando green-washing sobre o dito “desenvolvimento sustentável” e baboseira pró-mercado sobre uma tecno-utopia que irá “melhorar a vida de todos”. Isso é por que os tecnocratas e as elites não querem que a verdadeira natureza desses desenvolvimentos tecnológicos seja conhecida até que seja tarde de mais para se fazer algo a respeito. Progresso tecnológico, nos foi dito, é “inevitável”. A 5RI irá nos levar a mudanças conceituais tão grandes com relação a como vemos nossos corpos, tecnologias e o “mundo natural” que muitas dessas definições passarão a ter limites menos nítidos. Para “relíquias humanas” como nós, que pensam em próteses apenas como a solução de deficiências, 4RI fornece a tecnologia, e através dos desenvolvimentos da mesma, logo os resultados da 4RI serão melhor que a do membro original. 5RI não é apenas sobre estender e refinar as incursões da 4RI, é sobre vender massivamente essas ideias, alinhando o público com essas tecnologias através de propagandas que apelem para os instintos humanos mais básicos. A 5RI é a aceitação de que os órgãos robóticos-cibernéticos são superiores ao orgânico, e o desejo pelo artificial em detrimento do caos orgânico.

Enquadrado entre uma nova realidade evolutiva de artificialização total, e inteligência artificial miniaturiza, intervindo em tudo ao alcance dos especialistas, o resultado da realidade da 4IR é uma visão de uma nova Terra e de uma nova “humanidade”. Uma “Humanidade +” que vive dentro de um planeta-prisão dependente de “energia verde”, regulada e sancionada por funcionários, cientistas e tecnocratas através de métodos como I.A., bio tecnologia e nanotecnologia. Se a 4RI é o desenvolvimento e convergência dessas novas tecnologias pós-industriais, então a 5RI surge de um grau acelerado de desenvolvimento e aceitação em massa desse mesmo complexo tecno-industrial. A 5RI é caracterizada pela velocidade exponencial sem precedentes (tempo-máquina) em oposição ao linear/não-linear (tempo humano) o que significa que mesmo os designers e engenheiros sociais desse admirável mundo novo admitem que não serão capazes de controlar o resultado dessas novas tecnologias. Isso tende em direção a criação de algo ainda mais horrível que a ficcional Skynet do Exterminador do Futuro. A Singularidade Tecnológica. Ray Kurzweil descreve em The Singularirty is Near que “é difícil pensar em qualquer problema que uma super inteligência não possa resolver ou ao menos nos ajudar a resolver. Doença, pobreza, destruição ambiental, sofrimentos desnecessários de todos os tipos: essas são coisas que uma super inteligência equipada com nano tecnologia será capaz de eliminar.” E completa, “Máquinas conseguem administrar recursos de uma maneira que humanos não conseguem.” Lendo essas declarações, é difícil de pensar em quaisquer problemas que não poderíamos resolver com nossa própria inteligência e através de meios mais simples, determinação, e uma mudança de perspectiva e de comportamento. De todo modo, é óbvio que humanos sempre foram bastante capazes de gerenciar recursos, a questão é que aqueles que detém e lucram com o status atual, através da força, negam o acesso amplo a esses materiais, e a maioria da população é conivente. Escolher não mudar a situação e não lutar contra o “futuro” é uma posição que maioria irá escolher.

Tanto é, que após um século de progresso tecnológico e promessas de erradicar a fome e a poluição, uns poucos são ricos além da compreensão enquanto as massas continuam lutando pelos recursos mais básicos; avanços médicos e mesmo remédios comuns ainda são escassos em muitos países. Para nos manterem quietos, eventualmente nos entregam bugigangas: internet, espertofones, apps, redes sociais, jogos de computador, live streams e podcasts, próteses e promessas de mais por vir. Mas os avanços reais não serão distribuídos de forma mais justa que a riqueza das revoluções industriais anteriores, e os avanços reais terão de ser resistidos por nós: a vigilância total em um mundo sem privacidade, exigências de controle mental absoluto, conformidade total através de condicionamento comportamental do cidadão e da “comunidade”, “moral cívica” e sistemas de benefício como a renda básica universal (mínima).

Se uma revolução industrial não consegue satisfazer suficientemente as necessidades da humanidade, para ser plenamente aceita, ela apaga essas necessidades ou se impõe através da força. No contexto da 4RI e da 5RI, as características que as máquinas atualmente não possuem – empatia, amor, intimidade, por exemplo – são danificadas no ser humano pelo próprio complexo tecno-industrial – do medo da intimidade e de relacionamentos em “tempo real” que resultam do uso das redes sociais, à falta de empatia que sabemos que é induzida por fármacos como paracetamol, venenos em nossa comida e no sistemas de água – então dirão que essa tecnologia de fato sacia nossas (agora modificadas) necessidades. Domesticados, escravos brutalizados de um sistema mecanizado de materialismo, ganância e egoísmo.

Isso é parte do domínio do mundo-máquina: discursos sobre reparar deficiências e curar doenças escondem a mecanização do corpo; falas sobre a extensão da vida significam que as elites reinarão para sempre. Enquanto os tecnopadres entoam cantos sobre libertação de nossos corpos orgânicos, a prisão biológica, através do upload de nossas consciências, conquistando imortalidade, e sendo capazes de considerar nossos corpos como meras “capas” a serem trocadas a qualquer momento que quisermos ou precisarmos, o que está acontecendo é que os corpos da maioria tem sido transformados em prisões por uns poucos que de fato se beneficiam dos avanços sobre extensão da vida e controle de doenças (sistemas públicos de saúde sem investimento, equipados com as tecnologias mais antigas e baratas, e para muitos, se quer esses sistemas estão disponíveis). Mas essas novas tecnologias transhumanistas não pretendem libertar a todos.

Apesar das mentiras dos futuristas a implementação dessastecnologias irão aumentar a distância entre os incluídos e excluídos. Os poderosos criarão cidadelas, que os afastarão mais que nunca, da fúria dos de baixo. Conforme o corpo se torna matéria bruta para um novo setor da biociência, em um mundo onde máquinas farão a maior parte do trabalho, e o corpo humano em si se tornará mais um repositório para o Capital, e, novas formas de exploração e indústria. De fato, isso já está acontecendo. Com a pesquisa de células de estamina, edição de genes, bio enhancers, novos produtos farmacêuticos, próteses, análise e mapeamento em massa de células e DNA. O Eu soberano e o privado entrarão em um novo reino de valoração, mercantilização, ajustamentos e divisão social sem fim, á serviço do Capital, da bio-vigilância, da vaidade e da desigualdade. Na 4RI, a sociedade de consumo vai por caminhos muito mais profundos e sombrios que a compra de objetos. O objetivo final da 4RI é nos “desconectar” de nossos corpos e do nosso entendimento de nós mesmo como parte da biosfera e do bio ritmo, assim eles também podem ser vistos como algo a ser comprado, melhorado e “consertado”, uma série de partes mecanisticas, substituíveis, que podem ser artificialmente produzidas á um certo preço, e promovidas como possuindo melhores qualidades que as bases orgânicas originais. Um ser artificial que, uma vez que tenha entrado no templo da tecnologia é para sempre dependente e sustentado por fármacos, cirurgias e tecno-psiquiatricas, “updates”, dispositivos e corporações.

O futuro tecnológico do corpo humano talvez não seja a morte (para os poucos que podem se dar ao luxo de pagar pela imortalidade), mas será a mortificação, a existência fria e faminta de uma existência escravizada.

 

Enquanto isso, a Terra continua morrendo e desenvolvimentos tecnológicos, longe de prover as soluções que propagandeiam, estão a destruíndo, em uma velocidade exponencial, famintos por materiais, eletricidade e minerais raros. Apenas os minerais raros necessários para a fabricação dos espertofones, causam um dano incalculável para a saúde humana e do planeta

Baotou, interior da Mongólia, é o principal centro de extração de minerais raros, suas minas estão cercadas de resíduos tóxicos (subproduto da mineração), a maioria de thorium radioativo. No Congo, a extração de Coltan é conhecida por ter devastado e causado sofrimento imensurável para a terra, humanos, comunidades e vida selvagem. A corporação de mineração Molycorp, gosta de apresentar a si mesma como uma empresa de mineração ética, mas sua extração de neodymium para auto falantes, europium para criar as cores nas telas do iPhone e cerium que é usado como solvente para polir telas, continuam sendo pilhados em uma escala insustentável, que deveria ser mantido na Terra e requer grandes quantidades da natureza para depositar os substratos da criação das minas. Atualmente, não existe escapatória da simples realidade: tecnologia é dependente da destruição de ecossistemas, incluindo os últimos animais selvagens e comunidades indígenas, com populações humanas civilizadas cada vez mais confinadas em seus “habitats” tecnológicos – “smart” megalópoles.

Haverão pequenas brechas para se viver, e nossas redes e vidas individuais estarão sobre um escrutínio ainda maior, com ainda mais invasão em nossa autonomia, mas isso será mais ou menos terrível do que seria para um camponês, expulso de sua terra e forçado trabalhar nas fábricas nas novas cidades ? Ou a luta que os povos indígenas tem lutado ao redor do mundo ?

Nossa missão é tentar preservar o que pudermos de uma vida selvagem, cada vez menor e mais frágil, enquanto organizamos e fazemos ataques que atinjam não apenas a infraestrutura, mas também os símbolos e representantes do Estado, da Tecnologia e do Capital.

Nós precisamos pensar e nos preparar agora, adquirindo as habilidades e meios que nós e outros irão precisar para navegar nesse novo mundo e refletir sobre o que significa ser anarquista. Nós devemos tentar limitar o dano feito pela civilizações predatória, manter a memória combativa viva e relembrar por que e pelo que estamos lutando. Nós estamos encarando nada menos que a tentativa de apagamento de toda vida selvagem não domesticada, e o fim de maneiras de ser e pensar através do condicionamento social, repressão, coerção e participação voluntária. As estruturas irão se manter as mesmas: desigualdade, escravização, privilégio e opressão , autoritarismo, destruição, mediação e alienação.

Vão existir brechas neste sistema, sempre existirão. E assim, anarquia, a pulsão de liberdade e autonomia, também crescerá, através de cada brecha e fissura. A continuidade da luta está na questão da liberdade, da autonomia pessoal, da escravidão, do controle e da vigilância de muitos, por poucos, de acordo com sua própria agenda. Essas coisas não mudam, não importa se estamos falando da Primeira Revolução Industrial ou das próximas.

Expondo Fascistas – Um Manual de Boas Práticas

Publicado originalmente pelo coletivo Colorado Springs Antifa.

Expondo Fascistas: Um Guia de Boas Práticas

 

Esse documento surge do debate entre antifascistas de todo o país. Entre nós e nossas camaradas, é recorrente a preocupação com uma cultura dentro do ativismo antifascista que enxerga a exposição de fascistas na internet como o começo e o fim da organização antifascista. Exposição na internet é uma das muitas ferramentas que antifascistas usam para desmobilizar materialmente mobilizações fascistas em nossas comunidades. A exposição de um nazi por si só, não significa nada, se não impacta materialmente esse nazi, sua organização, ou as comunidades que eles ameaçam.

Aqui nós abordamos algumas dificuldades comuns e boas práticas para expor nazis de uma maneira que fortaleça nossos movimentos, proteja nossas comunidades e, impacte materialmente as mobilizações fascistas.

Em resumo: Priorize a segurança da comunidade a longo prazo e não engajamento no Twitter.

Deixe Nítido Seus Objetivos

 
  • Por que você está expondo esse nazi ? Você está informando militantes locais ? Tentando convencer os social democratas a contatarem o local de trabalho do fascistas pra que ele perca o emprego ? Está expondo a ideologia de algum grupo de direita ? Tentando chamar atenção da polícia para agir contar um nazi em específico ? (se sim, veja: “Não trabalhe com a polícia”).
  • Expor nazis é uma tática que pode ser usada para ganhar certas vantagens materiais, e esses resultados vão se diferenciar baseados no alvo e como a exposição é escrita e difundida.
  • Ter uma mensagem que explique nitidamente seus objetivos, vai te ajudar a alcança-los.
  • As vezes tudo que nós podemos fazer é informar a comunidade sobre um certo fascista ou grupo fascista, mas lembre-se que quando você expõe um nazi, você está deixando ele saber que está sendo observado, e você provavelmente vai captar significativamente menos informação sobre eles.
  • Com poucas exceções, geralmente é melhor aguardar até você ter mais informações e capacidade de impactar materialmente o fascista, e não difundir algo vago (por ex: um fio no Twitter sobre um Proud Boy, que só inclui uma localização vaga, nome e uma foto).
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Front Range Antifascists @FrontRangeAFA
A second round of flyers were distributed in former Colorado KKK Grand Wizard Fred Wilkins’ Superior neighborhood. He has installed security cameras on his garage since we last paid him a visit.
A flyer with photos of former Colorado KKK Grand Wizard Fred Wilkins that reads: KKK Leader in your Neighborhood
Fred Wilkins is a longtime white supremacist organizer in Colorado, having served as the leader of the Colorado Ku Klux Klan through the 1970's. On June 2nd, 2021, Fred stole a number of Pride flags from a display in Louisville, Colorado, and placed a Confederate flag in their place.
Fred Morris Wilkins
Superior
White Kia Soul
Learn more and send tips:
FrontRangeAntifa.NoBlogs.org
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Front Range Antifascists @FrontRangeAFA

🧵 NEW RELEASE: Fred Wilkins of Superior, Colorado, former Grand Wizard of the Colorado Knights of the Ku Klux Klan, identified as man who vandalized Pride display in Louisville. More on the blog 👇 https://t.co/YuPDfob8RD https://t.co/9a77D4HMzi

Campanhas com panfletos e posters são ótimas para causar consequências materiais para fascistas.

Certifique-se que toda a informação pública seja 100% verificada

 
  • Você não quer que algo aconteça a uma pessoa inocente que se mudou para o antigo endereço de um nazi.
  • Publicar informação falsa fere sua reputação, e a reputação do movimento antifascista como um todo.
  • Para verificar um endereço, veja se eles postaram alguma foto em casa recentemente, faça que eles ou um amigo conte qual é o endereço, encontre uma desculpa para bater na porta e veja quem atende, etc.
  • O mesmo vale para números de telefone: use um telefone descartável ou um aplicativo que simule essa opção, para ligar para o nazi, e então aja como se estivesse vendendo algo, para que ele não desconfie.
  • Para verificar o local de trabalho, você pode ligar para a empresa e pedir para falar com o nazi. Você também pode tentar localizar o veículo dele no local de trabalho.
  • Se você não pode verificar 100% essas informações, nas as publique.

Trabalhe com as Antifascistas Locais

 
  • O Antifascismo deve estar enraizado na autodefesa comunitária. Antifascistas geralmente serão os mais bem preparados para lidar com os fascistas de sua área.
  • Se você localizou um fascista em outra área, contate os círculos antifascistas locais e pergunte como você pode ajudar.
  • Círculos antifascistas estão sempre muito ocupados e normalmente tem muito trabalho acumulado. Quanto mais trabalho você puder fazer pra ajudar esse grupo, mais rápido eles podem usa-lo.
  • Escrever um documento completo para o grupo antifa local usar é a maneira mais rápida de ter seu trabalho usado de maneira efetiva.
  • Por mais que haja boa intenção, expor publicamente um fascista que não viva na sua área pode resultar em inúmeros problemas que podem dificultar a vida de organizações antifascistas naquela área.
  • Antifascistas locais talvez já estejam monitorando esse fascista e estejam propositalmente esperando algo como:
    • Estão seguindo o fascista até que ele vá a algum encontro, o que não vai ser mais seguro de ser feito, uma vez que o fascista descubra que antifascistas o estão observando.
    • Eles estão trabalhando com outros líderes comunitários para se assegurarem que a exposição não cause nenhum dano colateral.
    • Eles estão envolvidos em um processo de desradicalização com o fascista, o que não vai ser mais efetivo após uma exposição ser publicada, que pode resultar em um fim do fluxo de informações entre o fascista e seus camaradas.
    • O fascista vive em uma área que não é segura para antifascistas. Deixar os fascistas em alerta antes quem algum trabalho territorial seja feito, como distribuição de panfletos, confirmação de endereço, ou ação direta, podem acabar impedindo essas ações, ou tornar sua execução muito mais perigosas.
    • Membros da comunidade e antifascistas locais geralmente usam os sites de suas organizações para receber informações sobre fascistas locais e tendem a não confiar em algo que venha de uma pessoa ou grupo que eles não conheçam.
  • Se você não encontrou um coletivo antifascista com quem trabalhar junto, você ainda pode publicar suas descobertas, será mais difícil de verificar as informações e/ou criar um impacto material. O elemento de autodefesa comunitária é importante, por isso considere enviar panfletos para os vizinhos do fascista se você puder confirmar o endereço dele.

Publique Anonimamente

 

Anonimato é sua melhor defesa, tanto contra os fascistas quanto do revide do Estado, então não publique com seu nome, e não use seus meios usuais de publicação, nem qualquer informação que possa ser usada para te identificar. Por mais que você não tenha receio de ser confrontado pelos fascistas, é cada vez mais comum que fascistas processem antifascistas, assim como o Estado perseguir militantes antifascistas. Você também pode acabar pondo seus camaradas em risco, ao expor um perfil de rede social que os fascistas podem captar informações. Você se surpreenderia se soubesse o tanto de informações de fascistas que nós conseguimos através de seus amigos e familiares.

Não Busque Engajamento or Carreira

 
  • O propósito desse trabalho não é a autopromoção, se tornar celebridade ou construir uma carreira, e sim proteger nossas comunidades e derrotar o o fascismo.
  • Evite cair em armadilhas como buscar engajamento na internet e uma carreira ao invés de focar na autodefesa.
  • Seja cético quanto a quem faz trabalho antifascista por fama ou por dinheiro.

Não Publique Apenas em Redes Sociais

 

Se você está num círculo de esquerda do Twitter, você certamente já viu exposições de fascistas na plataforma. Por mais que plataformas de redes sociais convencionais sejam uma boa maneira de entregar informações para uma audiência maior, esse público provavelmente não está na área do fascista. Publicar somente nas redes sociais também significa que seu conteúdo está sujeito aos caprichos de corporações imensas que não tem nenhum interesse em combater o fascismo.

Nós recomendamos que se use um website resiliente para hospedar seu trabalho. NoBlogs e BlackBlogs são instâncias grátis do WordPress, mantidas por anarquistas. Para ambos, você vai precisar de um email RiseUp para se registrar, algo que você pode conseguir com uma camarada.

Exposições que são postadas em um blog geralmente tem mais acessos em mecanismo de busca do que as que existem apenas nas mídias sociais como Twitter, e vão sobreviver mesmo depois de sua conta do Twitter ser suspensa. Exposições postadas no Instagram e Facebook vão estar acessíveis apenas por usuárias dessas plataformas.

Considere fazer uma lista de email, como a Atlanta Antifascist usa. Essa pode ser uma excelente maneira de se comunicar diretamente com membros da comunidade e militantes, que talvez não estejam nas redes sociais ou que não tem tempo de ficar olhando o seu feed.
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Twitter avatar for @afainatl

Atlanta Antifascists @afainatl
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Não Trabalhe com Policias

 

Assim como os fascistas, a polícia é nossa inimiga, e tende a proteger as atividades fascistas mais comumente do que impedi-las. Por mais as forças da lei reprimam em algum grau as atividades fascistas, eles reprimem com muito mais força e frequência, organizações de esquerda, anticapitalistas, anticolonais, e autônomas. Quaisquer benefícios de curto prazo ganhos por reportar o comportamentos ilegal de fascistas para a polícia, legítima e aumenta a eficácia institucional de nossos inimigos nas forças repressivas estatais.

Não Trabalhe Com Abusadores

 
  • Mesmo que eles façam um bom trabalho, você está expondo a si e a seus camaradas a um risco imenso ao trabalhar com pessoas abusivas. Misóginos são ótimos informantes e vão te caguetar no segundo que você se tornar um inconveniente para eles.
  • Aliados e amigos da vítima do seu amigo abusivo não vão confiar em você ou no seu trabalho, enfraquecendo a efetividade do seu trabalho.
  • Mais importante, ao legitimar e compartilhar espaços com abusadores, você está sendo conivente que eles abusem de mais pessoas, potencialmente, até você mesmo.

Considere as Implicações da sua Linguagem e Ações

 
  • Não use de hierarquias opressivas para tirar sarro de fascistas. Nós queremos nos libertar do capacitismo, homofobia, racismo, classimos colonialismo e misoginia.
  • Usar insultos baseados nessas opressões vai impactar muito mais as pessoas que já sofrem essas opressões do que os fascistas e seus aliados.

 

[Porto Alegre] Registro de Ação Antirracista

Registros de ação realizada na madrugada de hoje em Porto Alegre contra racismo da Farmácia São João, na Avenida Bento Gonçalves. As imagens do ato de resposta foram recebidas de fonte anônima.

Segundo informações divulgadas no perfil do Twitter da vereadora Daiana Santos, na sexta, três jovens menores de idade foram mantidos dentro da farmácia por segurança e funcionários. Mulheres que se solidarizaram com os jovens foram agredidas pelo segurança.

Chega de tanto racismo nessa sociedade. Resposta direta a quem destila ódio no cotidiano. Não passarão!

Porto Alegre,
22 de outubro de 2022

Defender e enraizar um ecossistema informacional anarquista

Essas notas, são intencionalmente propositivas, são sobre o que podemos vir a ganhar, e não sobre problemas que ainda não surgiram; são reflexões que surgem da necessidade de iniciar um diálogo, e levantar dúvidas entre todes anarquistes e antifascistes que habitam a internet.

É necessário perceber e reafirmar: a internet nunca foi um ambiente neutro, entre suas várias origens paralelas, o sonho tecno xamânico dos pioneiros digitais é tão parte do DNA da rede, quanto o projeto da contrainteligência estadonidense que mirava construir “uma máquina de prever e suprimir revoluções”. O uso político da tecnologia é inescapável.

Rumando para a terceira década dos anos dois mil, entre mais camadas de guerra informacional do que caberia citar nesse parágrafo, temos acúmulo o suficiente para constatar que não basta criarmos perfis de difusão anarquista em redes sociais capitalistas para estarmos de fato aprofundando a revolta popular. Sendo mais preciso: existem formas ainda pouco exploradas de difundirmos informação, e outras atividades potentes que podemos realizar, muito além das regras que nos impõem esses espaços.

É preciso defender e aprofundar um ecossistema informacional anarquista.

Organismos imensos desse sistema já nos são tão comuns, que quase não o percebemos. Temos a oportunidade de acessar conteúdos que seriam bastante restritos, não fosse as companheiras que construíram e mantém bibliotecas digitais, plataformas de vídeo e notícias especializadas, isso sem falar na potência que ganham campanhas de solidariedade, uma ferramenta que temos utilizado de forma ampla nesses tempos duros de pandemia e fome generalizada.

É plausível que nossa melhor linha de ação hoje, seja desaprendermos sobre “a Internet” como uma espaço paralelo e universal, e redirecionarmos nossa energia e atenção para a internet em relação com nossos territórios.

É hora de encontrarmos uns aos outros, fortalecer nossos projetos.

Revolta comigo, amor. 

Objetivos e Possibilidades

Existe poder nas ações descentralizadas e em rede, por isso vamos expor objetivos nos quais podemos mirar coletivamente, e deixar que a diversidade de táticas e a imaginação revolucionária de cada grupo dê conta de encontrar seu próprio caminho até eles.

Nosso ecossistema informacional, poderia dar conta de;

1. Fazer circular informações, de maneira minimamente organizada, como o podcast Fagulha fez, nos tempos das agitações anti-bolsonaro lideradas pelas torcidas organizadas antifascistas. Nessa experiência, militantes autônomos do país todo, participavam enviando audios, com contribuições analisando a conjuntura local e nacional. Um canal onde informações sejam passadas de militantes para militantes, parece “básico”, mas é algo ainda por ser contruído e consolidado. Em tempos de maior agitação, na falta de uma ferramenta como essa, ficamos bastante vulneráveis as maquinações da mídia e outros inimigos ideológicos.

2. A territorialização dos nossos esforços. Sabemos que somos muito mais fortes coletivamente, se conseguirmos desenvolver meios de colocar anarquistas em contato uns com os outros podemos ter avanços significativos. Certamente questões de segurança precisam ser exercitadas nesse caso, e desaconselharia a criação de perfis que fizessem apenas esse trabalho, mas é essencial usar a internet, para sairmos da internet.

OCUPAR OU EVADIR OKUPAR E EVADIR

Por muito tempo pensei que o mastodon seria a salvação da comunicação anarquista. Baseado em uma tecnologia horizontal e de código aberto, altamente modificável e sem muitos atrativos para grandes marcas, esse clone do twitter me encantou profundamente. Passado alguns anos, percebo que existem desafios imensos no uso do mastodon, à começar pelo fato de que é bastante complexo criar uma conta nessa rede, e pessoalmente não conheço nenhuma outra pessoa que seja usuária. A ferramenta em si, continua sendo de muito valor, a dificuldade está em sua barreira de entrada para o usuário convencional, acostumado com as facilidades do facebook e instagram.

Nós precisamos instigar a curiosidade dos nossos círculos, para além dos espaços domesticados da internet. Assim como no passado foi tarefa revolucionária, aprender e ensinar os nossos iguais a lerem e escrever, é vital que possamos partilhar conhecimentos mínimos sobre o funcionamento das atuas tecnológicas de controle social, como a programação.

Nos voltarmos para espaços menos corporativos, não significa que devemos abandonar plataformas como youtube e todo o complexo Meta. Sabemos que não é saudável deixar um espaço tão grande sem disputa à esquerda, apesar de também sabermos que a direita, e mesmo a extrema direita, sempre estarão na vantagem pela lógica capitalista. Como um “êxodo coletivo” pra fora dessas redes é ainda uma distante realidade, acredito que nem precisamos nos alongar nesse sentido.

APENAS O COMEÇO

Não existe conclusão alguma para chegarmos. Como foi dito na abertura, esse texto surge da necessidade de provocarmos um mínimo diálogo coletivo sobre como tirar melhor proveito da internet como uma ferramenta de desobediência, e não de domesticação.

Se esse esse assunto te interessa, e você possui algum canal de comunicação ou quer construir algo nesse sentido, não deixe de no contatar .

De derrota em derrota até a vitória!

[]nos tempos que vivemos, o capitalismo se adapta em saltos evolutivos que já começam a escapar a lógica do cérebro humano. []

Manual da Internet Insusrgente

canal aberto para notícias correrem entre organizações e territórios (Fagulha)

campanhas de financiamento e rifas

BREVE LISTA DE PROBLEMAS INCONTORNÁVEIS

Nossa segurança nas redes sociais é certamente um desafio constante, já que ela não é pensada tendo a privacidade dos usuários como prioridade. Virtualmente todos os dados que produzimos são facilmente acessados, sejam pelas mega corporações proprietárias da plataforma e as agências de repressão com quem elas rotineiramente trabalham, seja por raqueamentos de contas, de maneira individual ou massiva. 

Mas e quanto aos influenciadores ? Seria útil ter uma ou duas figuras atingindo milhões de brasileiros e espalhando a palavra do anarquismo ? Certamente essas figuras trariam alguns pontos positivos, mas não é algo que devemos almejar. Sabemos que o “jogo” das redes sociais é em essência capitalista e neoliberal, a busca por likes, visualizações, reações e outros objetivos que mudam constantemente (e a revelia dos usuários) incentivam um uso desenfreado da plataforma, que facilita e acelera a degeneração das questões ideológicas e invariavelmente empurra os chamados influenciadores e suas supostas comunidades, para um caminho de narcisismo das pequenas diferenças, sectarismo e passação de pano para atitudes problemáticas. Não é uma questão de retidão da matriz ideológica ou dos indivíduos, é a estrutura das redes sociais que pouco ou nada tem há ver com nossos objetivos de libertação e horizontalidade. Foda-se o influencer.  

Um constrangedor reflexo das últimas décadas tem sido os magnatas envelhecendo e usando as redes sociais como palco de suas crises de meia idade e fantasias de poder; me referimos não apenas a cretinos Mark Zuckerberg que fez fortuna no meio digital, mas outras figuras ridículas como Trump e Elon Musk, que usando de sua famana mídia liberal e suas fortunas, conseguem manipular e mobilizar o ambiente de rede sociais da maneira que nenhum outro usuário seria capaz. 

Um último aspecto que vale mencionar, é que as redes sociais já são campo de testes para todo tipo de tecnologias antiéticas que a classe dos gestores tecnocratas sejam capazes de conceber. Do design de usuário cuidadosamente criado para ser irresistivelmente viciante, passando pelo eyetracking, até as tecnologias de incubação de propagandas dentro dos nossos sonhos, não existe tecnologia pensada, que não esteja mirada contra nossos cérebros quando entramos no Instagram ou Twitter.