O Modelo shac (I de II)

Retirado da Anarchist Library, publicado originalmente pela CrimethInc. em primeiro de Setembro de 2008.

Dedico com carinho a todas e todes que pensam e agem contra as grandes empresas que fazem nossa terra e nossas comunidades sangrarem. Morte ao garimpo, morte as mineradoras, morte as madeireiras. Viva o povo auto organizado e a autodefesa popular.


“Nós estamos cientes desses ativistas, mas não sabemos até que ponto eles estão dispostos a ir.”

– Warren Stevens, que apesar de ter jurado não recuar do investimento de 33 milhões de dólares que faria à Huntingdon Life Sciences, desistiu após encarar protestos nos seus escritórios em Little Rock e vandalismo na sua casa.

“O número de ativistas não é grande, mas o impacto que eles possuem é incrível… É preciso compreender que essa é uma ameaça para todas as indústrias. Essas táticas podem se usadas contra qualquer setor da economia.”

– Brian Cass, diretor da HLS

“Onde todos os grupos de bem estar animal e a maioria dos grupos de direitos dos animais insistem em agir dentro da legalidade, abolicionistas da causa animal insistem que estados são irremediavelmente corruptos e que uma abordagem legal sozinha, nunca irá garantir justiça para os animais.”
– ALF

Na última década, Stop Huntington Animal Cruelty – SHAC – sustentou uma campanha internacional de ação direta contra a Huntington Life Science, a maior empresa europeia de testes em animais. Ao mirar em investidores e parceiros de negócio da HLS, a SHAC repetidamente levou a HLS à beira do colapso, e essa precisou de apoio direto do governo britânico e de uma contra-campanha internacional de repressão para manter a empresa funcionando.

Durante a campanha, haviam propostas de aplicar o modelo SHAC em outros contextos, como defesa ambiental e protestos anti guerra. Mas o que é exatamente o modelo SHAC ? Quais são suas forças e limitações ? É de fato um modelo efetivo ? E se sim, para o quê ?


Primeiro, um Glossário

Visto de fora, o círculo dos direitos dos animais pode ser difícil de compreender, mesmo para outros radicais. Por um lado, o foco intenso nessa única problemática pode contribuir para uma mentalidade mais isolada, ou mesmo míope; Por outro lado, existem incontáveis ativistas da causa animal que veem seus esforços como parte de um conflito maior, contra todas as formas de opressão.

Aqueles que não estão familiarizados com o funcionamento interno destes círculos frequentemente confundem as posições de facções opostas. Aceitando o risco de ser simplista, é possível identificar três escolas de pensamento distintas:

Bem-Estar Animal – A ideia de que animais devem ser tratados com piedade e compaixão, especialmente quando são usados para benefício humano como alimento e produção. Por exemplo, alguns ativistas do bem-estar animal fazem lobby no governo para a criação de leis mais humanas para o abate.
Exemplo: a Sociedade Humana dos Estados Unidos (HSUS)

Direitos dos Animais – A ideia de que animais têm seus próprios interesses e merecem uma legislação que os proteja. Aqueles que acreditam nos direitos dos animais comumente são veganos e se opõem ao uso de animais para o entretenimento, experiências, alimentos ou vestimentas. Eventualmente participam de protestos ou desobediência civil, mas geralmente acreditam em trabalhar de dentro do sistema, através de lobby, marketing, e o uso de mídias corporativas.
Exemplo: Pessoas pelo Tratamento Ético aos Animais (PETA)

Libertação Animal – A ideia de que animais não deveriam ser domesticados ou mantidos em cativeiro. Já que isso não é possível dentro da lógica do atual sistema social e econômico, abolicionistas da causa animal normalmente estão alinhados com o anarquismo, e podem quebrar leis para resgatar animais ou preservar seus habitats.
Exemplo: a Frente de Libertação Animal (ALF)[1]

Muitos grupos com foco no bem-estar e nos direitos dos animais criticam aqueles que se engajam em ação direta, argumentando que tais ações ferem a imagem de todos ativistas e afastam possíveis simpatizantes. Também é possível interpretar essas críticas como motivadas pela intenção de se criar uma base de simpatizantes ricos e pelo medo de ser alvo de repressão governamental. Além de não apoiarem ação direta, proibirem seus funcionários de interagirem com quem as faz, e não participar de conferências que incluam palestrantes mais militantes, organizações como a HSUS já agradeceram ao FBI por reprimir ações do campo da libertação animal. Em 2008, HSUS ofereceu uma recompensa de $2500 para qualquer um que desse informações que levassem a prisão das pessoas envolvidas em um incêndio criminoso, que segundo o FBI, possuía conexões com ativistas dos direitos dos animais.

[1] Diferente do HSUS e PETA, a ALF não é oficialmente uma organização, mas sim uma bandeira sob a qual agem células autônomas que não necessariamente têm conexões umas com as outras.


A História da SHAC: Origens do Outro Lado do Oceano

A campanha da SHAC começa no Reino Unido, após uma série de fechamentos de laboratórios de reprodução animal, onde se usou desde táticas de piquete a invasões da ALF, e confrontos com a polícia. Vídeos gravados secretamente dentro das instalações da HLS em 1997 foram exibidos na televisão britânica, mostrando os funcionários chacoalhando, agredindo e gritando com beagles no laboratório da HLS. Em Novembro de 1999, após ser ameaçado de processo, o PETA parou de organizar protestos contra a HLS, e a SHAC ganhou corpo para avançar a campanha.

Huntington Life Sciences era um inimigo mais formidável que qualquer empresário do ramo da criação de animais; a campanha SHAC foi uma escalada no ativismo pelo direitos dos animais no Reino Unido. A ideia era focar especialmente nas finanças da empresa, usando táticas que já haviam funcionado para fechar pequenos negócios, para liquidar toda a corporação. Ativistas agiram para isolar a HLS assediando qualquer um envolvido com qualquer empresa que fizesse negócio com eles. O papel da SHAC como uma organização era simplesmente de distribuir informação sobre potenciais alvos e reportar as ações conforme iam acontecendo.

Em Janeiro de 2000, ativistas britânicos publicaram uma lista dos maiores acionistas da HLS, incluindo aqueles que mantinham ações através de empresas de fachada, para se manterem anônimos; um deles inclusive, era do partido trabalhista britânico. Após duas semanas de manifestações organizadas, muitos acionistas venderam suas ações; finalmente, 32 milhões em ações foram postas na London Stock Exchanges por um penny cada e as ações da HLS despencaram. Nesse caos, o Banco Real da Escócia concedeu um empréstimo de 11.6 milhões de libras por apenas uma libra, na tentativa de se distanciar da empresa, e o governo britânico arranjou uma conta para eles no Banco da Inglaterra, pois nenhum outro banco queria aceita-los. O preço das ações da companhia, que valiam em torno de 300 libras em 1990, caíram para 1.75 em Janeiro de 2000, estabilizando em 3 no meio de 2001.

Em 21 de Dezembro de 2000, HLS foi retirada da Bolsa de Valores de Nova York; três meses depois, perdeu seu lugar na Bolsa de Valores de Londres também. HLS só foi salva da falência quando o seu maior acionista restante, o banco americano de investimentos Stephens, deu a companhia 15 milhões de dólares de empréstimo. Esse capítulo da história se encerra com a HLS movendo seu centro financeiro para os Estado Unidos para tirar vantagem das leis que permitem maior anonimato para os acionistas.

Nos EUA

Enquanto isso, nos EUA, as campanhas contra abate de animais que caracterizaram a maior parte do ativismo pelos direitos dos animais havia estagnado; as táticas de desobediência civil desenvolvidas nessas campanhas haviam chego a um limite, e muitos ativistas estavam em busca de novos alvos e estratégias. Uma facção dos grupos pelos direitos dos animais, exemplificada pela Vegan Outreach e DC Compassion Over Killing, passou a promover o veganismo. Ativistas mais militantes buscavam outras perspectivas. Alguns, como Kevin Kojnaas, que veio a se tornar presidente da SHAC USA, estiveram no Reino Unido nos anos 90, como militantes antiglobalização, e testemunharam o apogeu da campanha da SHAC britânica, e voltaram trazendo histórias inebriantes de ações do Reclaim the Streets.

A campanha da SHAC EUA surgiu do diálogo entre ativistas pelo direito dos animais em diferentes partes do país. Enquanto a campanha pela divulgação do veganismo buscava apelar para o mínimo denominador comum para convencer consumidores, a SHAC atraiu militantes que queriam fazer um uso mais eficiente de seus esforços individuais. Alguns argumentaram que era pouco provável que todo o mercado baseado em exploração animal fosse vencido pelo veganismo, mas praticamente todos concordavam que matar animaizinhos era intolerável.

A SHAC EUA teve início em Janeiro de 2001, no mesmo momento que Stephens Inc. salvou a HLS da falência. Stephens tinha sede em Little Rock, Arkansas, então alguns ativistas foram para lá para se mobilizarem. Em Abril, 14 beagles foram libertos do novo laboratório da HLS em New Jersey; no fim de Outubro, centenas de pessoas se reuniram em Little Rock para um fim de semana de manifestações na casa de Warren Stephen e escritórios da Stephen Inc. Na primavera seguinte, Stephens desligou a HLS, quebrando um contrato de cinco anos, após apenas um ano.

A SHAC se espalhou rapidamente pelos EUA, como uma campanha de tamanho e efetividade sem precedentes. Em parte, graças a seu financiamento superior [2], suas peças de propaganda eram brilhantes e empolgantes, como vídeos de divulgação que intercalavam imagens de violência contra animais com ações inspiradoras com uma trilha sonora de tecno acelerada. A campanha oferecia a seus participantes uma vasta gama de opções, incluindo desobediência civil, ligações, trotes, e rodas de conversa. Em contraste com os melhores dias do movimento antiglobalização, os alvos estavam espalhados, e disponíveis, por todo o mapa dos Estados Unidos. Os objetivos imediatos de forçar investidores específicos e parceiros comerciais de se desligarem da HLS, geralmente eram facilmente atingidos, dando uma sensação de gratificação imediata para os participantes.

Enquanto um indivíduo poderia se sentir insignificante em um protesto anti guerra com milhares de pessoas, se ela fosse uma das dezenas que participaram de um protesto na casa de um investidor que desistiu de apoiar a HLS, ele poderia sentir que conquistou algo concreto. A campanha SHAC ofereceu o tipo de conflito contínuo de baixa intensidade através do qual as pessoas puderam ser radicalizadas e desenvolverem um senso de poder coletivo. Fazer táticas de blacblock com seus amigos, escapar da polícia depois das manifestações, ouvir falas inspiradoras juntos, invadir escritórios gritando com megafones, ler sobre as atividades de outros ativistas na internet, a sensação de estar no lado vencedor de um esforço efetivo de libertação – tudo isso contribuiu para o sentimento de que a campanha SHAC era imparável.

[2] Diferente de muitos movimentos sociais, o movimento pelos direitos dos animais é apoiado por doadores ricos, e nós podemos assumir isso pois alguns deles doaram para a SHAC.

Ação

“A Carr Securities começou a fazer o marketing das ações Huntington Life Sciences. No dia seguinte, o Iate Clube Manhasset Bay, o qual certos executivos da Carr fazem parte, foi vandalizado por ativistas pelo direitos dos animais. Os extremistas enviaram uma nota ao site da SHAC assumindo a responsabilidade, e três dias depois do incidente a Carr encerrou seus negócios com a HLS.”
– John Lewis, Diretor assistente de Monitoramento do FBI do assim chamado “Eco-terrorismo”.

Ação direta contra os parceiros da HLS tomou inúmeras formas, ocasionalmente escalando para incêndios criminosos e violência. Em Fevereiro de 2000, Brian Cass, o diretor da HLS foi hospitalizado após levar uma surra de cabo de machado em sua casa. Em Julho daquele ano, os Piratas Pela Libertação Animal afundaram o iate de um executivo do Banco de Nova York, e o banco logo cortou seus laços com o laboratório. Um ano depois, bombas de fumaça foram lançadas contra os escritórios da Marsh Corp em Seattle, causando a evacuação do arranha-céu e o fim de sua relação com a HLS. No Outono de 2003, um dispositivo incendiário foi deixado nas empresas Chiron e Shaklee, por estarem associadas a HLS. Em 2005, a corretora Canaccord Capital, com sede em Vancouver, anunciou que estava encerrando sua parceria com a Phytopharm PLC, em resposta a uma ataque incendiário ao carro de um executivo da Canaccord, Phytopharm vinha fazendo negócios com HLS. Tudo isso acontecendo em um cenário de constantes ações de menor escala.

Em Dezembro de 2006, HLS foi impedida de ser listada na Bolsa de Valores de Nova York, algo sem precedentes que resultou em uma propaganda de página inteira no The New York Times, mostrando um caricatura de um ativista, de jaqueta de couro e balaclava, declarando “Eu controlo Wall Street”[3]. Em 2007, oito empresas cortaram relações com a HLS, incluindo seus dois maiores investidores, AXA e Wachovia, após protestos na casa de acionistas e visitas da ALF na casa de executivos. Em 2018, dispositivos incendiários foram deixados de baixo de caminhões da Staples e lojas da empresa foram vandalizadas. Ao longo da campanha, cerca de 250 empresas desistiram da HLS, incluindo o Citibank, a maior instituição financeira do mundo; HSBC, o maior banco do mundo; Marsh, a maior seguradora do mundo; e o Bank of America.


Mantendo o Ritmo

É interessante comparar a trajetória da campanha SHAC com o que chamamos de movimento antiglobalização. Os dois começaram no Reino Unido antes de engrenar nos EUA. A SHAC foi fundada na Inglaterra no mesmo mês dos protestos históricos do WTO em Seattle; começou a ganhar aderência na América do Norte no rastro do fim das mobilizações anti-globalização e manteve impulso após a ala antiglobalização do movimento nos EUA colapsar, nos dias que seguiram o 11 de Setembro de 2001.

Como a campanha SHAC foi capaz de manter seu ritmo enquanto praticamente todas as outras campanhas baseadas em ação direta naufragaram ou foram cooptadas por liberais ? Podemos encontrar lições sobre como lidar com crises, baseadas nesse exemplo ?

Ativistas da SHAC se diferenciavam de participantes da maioria dos outros movimentos sociais por não considerarem que precisavam de uma boa imagem na mídia, nem entediam uma cobertura negativa como algo ruim. Seus objetivos eram aterrorizar corporações até desistirem de fazer negócios com a HLS, não converter outras pessoas para a causa da libertação animal. Quanto mais destemidos e malucos eles pareciam ser nos jornais, mais fácil seria intimidar potenciais investidores e parceiros de negócio. Em outros círculos, ativistas temiam que o pânico da Guerra ao Terror facilitasse que o governo os isolasse, se associados ao terrorismo; para SHAC, quanto mais perigosos e extremos parecessem, melhor.

No fim, tudo isso voltou para os assombrar, quando os organizadores mais influentes foram levados a julgamento e a promotoria facilmente os retratou como representantes de uma rede clandestina de terroristas. Nesse sentido, a maior potência da campanha SHAC – a relação entre organização pública e secreta, a temível reputação – também se mostrou como seu calcanhar de Aquiles. A lição parece ser que essa abordagem pode ser efetiva em uma escala pequena, desde que os organizadores não provoquem confrontos com forças muito mais poderosas que eles mesmos. Com relação a cobertura midiática, talvez nos seja instrutivo observar como os organizadores da SHAC abordavam essas questões. Os porta-vozes da SHAC nunca deixaram de enfatizar a necessidade da ação direta para a libertação animal, mesmo quando o resto da nação estava obcecada com a Al Qaeda; a mobilização histórica em Little Rock aconteceu apenas um mês e meio após os ataques ao World Trade Center e ao Pentágono. Independente do que aconteceu em Nova York ou no Afeganistão, eles enfatizaram que lá, naquele exato momento, haviam animais sofrendo, que poderiam ser poupados, caso as pessoas tomassem umas poucas atitudes concretas. Se organizadores de outros círculos fossem capazes de manter esse foco e urgência, a história poderia ter tomado outros rumos no começo desta década.

É possível também, que com outras formas de organização estando em baixa, a SHAC tenha ganho mais participantes do que em um cenário onde outras campanhas de ação direta tivessem mantido seu ritmo. Em contraste com as massivas ações simbólicas do movimento anti guerra, a campanha SHAC era um caldeirão de experimentações, onde novas táticas eram constantemente testadas. Para entusiastas da ação direta preocupados em maximizar esforços – ou apenas cansados de serem tratados como mais um número na estimativa de participantes da multidão, isso deve ter sido sedutor.

Seja qual for o motivo, a SHAC foi capaz de manter seu fôlego até que a repressão federal finalmente começou a ser um peso. Diferente de muitas campanhas, que desapareceram por atrito ou cooptação, foi necessário todo o maquinário do estado para conter seu avanço.

Repressão

Todas as conquistas da SHAC vieram com um preço. Quanto mais empresas abandonavam seus negócios com a HLS, mais a campanha chamava atenção das agências de repressão e de think tanks da direita. Os organizadores da SHAC, no geral, não eram tipos facilmente intimidáveis; era comum que quem participasse da campanha fizesse piadas sobre todos as acusações haviam acumulado e quão pouco isso importava, pois se fossem processados, não teriam dinheiro algum para ser confiscado.

Os governos dos Estados Unidos e do Reino Unido elevaram o risco constantemente ao longo dos anos, botando ativistas sob vigilância, atingindo-os com processos, impedindo suas tentativas de levantarem fundos, intimidando organizações como o PETA a não se comunicar com eles, passando novas leis contra manifestações em bairros residenciais, e derrubando seus websites. Nos EUA, isso culminou no julgamento dos chamados “Sete da SHAC”: seis organizadores e a própria organização SHAC USA. Em 26 de Maio de 2004, Lauren Gazzola, Jake Conroy, Josh Harper, Kevin Kjonaas, Andrew Stepanian, e Darius Fullmer foram acusados de vários crimes federais, por seus supostos papéis na campanha. Times de agentes do FBI, com armaduras de combate, invadiram as casas dos acusados nas primeiras horas da manhã, apontando armas e ameaçando a eles e seus animais de estimação, algemando seus familiares. Segundo os documentos do FBI, a investigação que levou as prisões, foi a maior de 2003; as gravações das ligações interceptadas superavam em 5 para 1, o volume do segundo caso mais extenso.

Os acusados foram todos indiciados por violar o Animal Enterprise Protection Act, uma lei controversa que pretendia punir qualquer um que impedisse uma empresa de lucrar com a exploração animal; alguns foram acusados de violar direitos de privacidade e outras contravenções. Os acusados não foram condenados de participar pessoalmente de nenhuma atividade de ameaça; o governo baseou seu caso na ideia que eles deveriam ser responsabilizados por todas as ações ilegais que aconteceram para avançar a campanha SHAC, independente de seu envolvimento. Eles foram julgados culpados em 2 de Março de 2006, sentenciados a prisão com penas variando de um à seis anos, e foram obrigados a pagar quantias absurdas de dinheiro a HLS.

O julgamento dos 7 da SHAC nitidamente pretendia criar um precedente para ser usado contra quem organizasse campanhas públicas que envolvessem ações ilegais; sua repercussão foi sentida até mesmo na Inglaterra. Em 2005, o governo britânico passou o “Serious Organized Crimeand Police Act” criado especialmente pra proteger empresas que pesquisam em animais. Em 1 de Maio de 2007, após uma série de buscas envolvendo 700 policiais na Inglaterra, Holanda e Bélgica, 32 pessoas ligadas a SHAC foram presas, incluindo Heather Nicholson e Greg and Natasha Avery, alguns dos fundadores da SHAC no Reino Unido. Em Janeiro de 2009, sete deles foram sentenciados a prisão, com penas variando de quatro a onze anos de prisão.

Primeira declaração oficial da organização anarquista político-militar do leste do curdistão (Rojhelat)

Publicado originalmente em Anarchism ERA.

“A Organização político-militar Anarquista do Leste do Curdistão (Rojhelat) anuncia oficialmente sua existência hoje, 18 de Novembro de 2022. Nós somos uma organização anarquista ativa no leste do Curdistão e nosso objetivo é criar uma revolução social através da luta nas ruas, quebrando a hegemonia e o monopólio do uso de violência do governo fascista e teocrático do Irã. Essa revolução pertence a classe trabalhadora, as mulheres, pessoas oprimidas e minorias do que é hoje a geografia do chamado Irã.

A resposta que damos é uma bala. Essa conclusão não é apenas uma questão prática, mas também um entendimento de nossa identidade, filosofia e políticas. Somos parte do mesmo movimento que ergueu a bandeira do Exército Negro da Ucrânia, que lutou na Guerra Civil Espanhola, e fez da América Latina um inferno para os imperialistas, o mesmo movimento que nos anos 70, 80 e 90 transformou a Europa em um campo de batalha contra os capitalistas….

Hoje somos nós que nos levantamos pelos oprimidos e iremos transformar o Curdistão no cemitério dos fascistas. Em nossa primeira ação…. Fechamos Sanandaj-Mariwan e Sanandaj- Saqez e atacamos os mercenários do governo seu caminhões transportando bens expropriados. Esse é o começo do caminho, dias melhores virão. Essa declaração pertence ao setor político-social da organização e o setor militar da Organização Anarquista do Leste do Curdistão (Rojhelat) irá anunciar sua existência em breve, em outra declaração para todas as pessoas de luta.”