[Porto Alegre] Registro de Ação Antirracista

Registros de ação realizada na madrugada de hoje em Porto Alegre contra racismo da Farmácia São João, na Avenida Bento Gonçalves. As imagens do ato de resposta foram recebidas de fonte anônima.

Segundo informações divulgadas no perfil do Twitter da vereadora Daiana Santos, na sexta, três jovens menores de idade foram mantidos dentro da farmácia por segurança e funcionários. Mulheres que se solidarizaram com os jovens foram agredidas pelo segurança.

Chega de tanto racismo nessa sociedade. Resposta direta a quem destila ódio no cotidiano. Não passarão!

Porto Alegre,
22 de outubro de 2022

Defender e enraizar um ecossistema informacional anarquista

Essas notas, são intencionalmente propositivas, são sobre o que podemos vir a ganhar, e não sobre problemas que ainda não surgiram; são reflexões que surgem da necessidade de iniciar um diálogo, e levantar dúvidas entre todes anarquistes e antifascistes que habitam a internet.

É necessário perceber e reafirmar: a internet nunca foi um ambiente neutro, entre suas várias origens paralelas, o sonho tecno xamânico dos pioneiros digitais é tão parte do DNA da rede, quanto o projeto da contrainteligência estadonidense que mirava construir “uma máquina de prever e suprimir revoluções”. O uso político da tecnologia é inescapável.

Rumando para a terceira década dos anos dois mil, entre mais camadas de guerra informacional do que caberia citar nesse parágrafo, temos acúmulo o suficiente para constatar que não basta criarmos perfis de difusão anarquista em redes sociais capitalistas para estarmos de fato aprofundando a revolta popular. Sendo mais preciso: existem formas ainda pouco exploradas de difundirmos informação, e outras atividades potentes que podemos realizar, muito além das regras que nos impõem esses espaços.

É preciso defender e aprofundar um ecossistema informacional anarquista.

Organismos imensos desse sistema já nos são tão comuns, que quase não o percebemos. Temos a oportunidade de acessar conteúdos que seriam bastante restritos, não fosse as companheiras que construíram e mantém bibliotecas digitais, plataformas de vídeo e notícias especializadas, isso sem falar na potência que ganham campanhas de solidariedade, uma ferramenta que temos utilizado de forma ampla nesses tempos duros de pandemia e fome generalizada.

É plausível que nossa melhor linha de ação hoje, seja desaprendermos sobre “a Internet” como uma espaço paralelo e universal, e redirecionarmos nossa energia e atenção para a internet em relação com nossos territórios.

É hora de encontrarmos uns aos outros, fortalecer nossos projetos.

Revolta comigo, amor. 

Objetivos e Possibilidades

Existe poder nas ações descentralizadas e em rede, por isso vamos expor objetivos nos quais podemos mirar coletivamente, e deixar que a diversidade de táticas e a imaginação revolucionária de cada grupo dê conta de encontrar seu próprio caminho até eles.

Nosso ecossistema informacional, poderia dar conta de;

1. Fazer circular informações, de maneira minimamente organizada, como o podcast Fagulha fez, nos tempos das agitações anti-bolsonaro lideradas pelas torcidas organizadas antifascistas. Nessa experiência, militantes autônomos do país todo, participavam enviando audios, com contribuições analisando a conjuntura local e nacional. Um canal onde informações sejam passadas de militantes para militantes, parece “básico”, mas é algo ainda por ser contruído e consolidado. Em tempos de maior agitação, na falta de uma ferramenta como essa, ficamos bastante vulneráveis as maquinações da mídia e outros inimigos ideológicos.

2. A territorialização dos nossos esforços. Sabemos que somos muito mais fortes coletivamente, se conseguirmos desenvolver meios de colocar anarquistas em contato uns com os outros podemos ter avanços significativos. Certamente questões de segurança precisam ser exercitadas nesse caso, e desaconselharia a criação de perfis que fizessem apenas esse trabalho, mas é essencial usar a internet, para sairmos da internet.

OCUPAR OU EVADIR OKUPAR E EVADIR

Por muito tempo pensei que o mastodon seria a salvação da comunicação anarquista. Baseado em uma tecnologia horizontal e de código aberto, altamente modificável e sem muitos atrativos para grandes marcas, esse clone do twitter me encantou profundamente. Passado alguns anos, percebo que existem desafios imensos no uso do mastodon, à começar pelo fato de que é bastante complexo criar uma conta nessa rede, e pessoalmente não conheço nenhuma outra pessoa que seja usuária. A ferramenta em si, continua sendo de muito valor, a dificuldade está em sua barreira de entrada para o usuário convencional, acostumado com as facilidades do facebook e instagram.

Nós precisamos instigar a curiosidade dos nossos círculos, para além dos espaços domesticados da internet. Assim como no passado foi tarefa revolucionária, aprender e ensinar os nossos iguais a lerem e escrever, é vital que possamos partilhar conhecimentos mínimos sobre o funcionamento das atuas tecnológicas de controle social, como a programação.

Nos voltarmos para espaços menos corporativos, não significa que devemos abandonar plataformas como youtube e todo o complexo Meta. Sabemos que não é saudável deixar um espaço tão grande sem disputa à esquerda, apesar de também sabermos que a direita, e mesmo a extrema direita, sempre estarão na vantagem pela lógica capitalista. Como um “êxodo coletivo” pra fora dessas redes é ainda uma distante realidade, acredito que nem precisamos nos alongar nesse sentido.

APENAS O COMEÇO

Não existe conclusão alguma para chegarmos. Como foi dito na abertura, esse texto surge da necessidade de provocarmos um mínimo diálogo coletivo sobre como tirar melhor proveito da internet como uma ferramenta de desobediência, e não de domesticação.

Se esse esse assunto te interessa, e você possui algum canal de comunicação ou quer construir algo nesse sentido, não deixe de no contatar .

De derrota em derrota até a vitória!

[]nos tempos que vivemos, o capitalismo se adapta em saltos evolutivos que já começam a escapar a lógica do cérebro humano. []

Manual da Internet Insusrgente

canal aberto para notícias correrem entre organizações e territórios (Fagulha)

campanhas de financiamento e rifas

BREVE LISTA DE PROBLEMAS INCONTORNÁVEIS

Nossa segurança nas redes sociais é certamente um desafio constante, já que ela não é pensada tendo a privacidade dos usuários como prioridade. Virtualmente todos os dados que produzimos são facilmente acessados, sejam pelas mega corporações proprietárias da plataforma e as agências de repressão com quem elas rotineiramente trabalham, seja por raqueamentos de contas, de maneira individual ou massiva. 

Mas e quanto aos influenciadores ? Seria útil ter uma ou duas figuras atingindo milhões de brasileiros e espalhando a palavra do anarquismo ? Certamente essas figuras trariam alguns pontos positivos, mas não é algo que devemos almejar. Sabemos que o “jogo” das redes sociais é em essência capitalista e neoliberal, a busca por likes, visualizações, reações e outros objetivos que mudam constantemente (e a revelia dos usuários) incentivam um uso desenfreado da plataforma, que facilita e acelera a degeneração das questões ideológicas e invariavelmente empurra os chamados influenciadores e suas supostas comunidades, para um caminho de narcisismo das pequenas diferenças, sectarismo e passação de pano para atitudes problemáticas. Não é uma questão de retidão da matriz ideológica ou dos indivíduos, é a estrutura das redes sociais que pouco ou nada tem há ver com nossos objetivos de libertação e horizontalidade. Foda-se o influencer.  

Um constrangedor reflexo das últimas décadas tem sido os magnatas envelhecendo e usando as redes sociais como palco de suas crises de meia idade e fantasias de poder; me referimos não apenas a cretinos Mark Zuckerberg que fez fortuna no meio digital, mas outras figuras ridículas como Trump e Elon Musk, que usando de sua famana mídia liberal e suas fortunas, conseguem manipular e mobilizar o ambiente de rede sociais da maneira que nenhum outro usuário seria capaz. 

Um último aspecto que vale mencionar, é que as redes sociais já são campo de testes para todo tipo de tecnologias antiéticas que a classe dos gestores tecnocratas sejam capazes de conceber. Do design de usuário cuidadosamente criado para ser irresistivelmente viciante, passando pelo eyetracking, até as tecnologias de incubação de propagandas dentro dos nossos sonhos, não existe tecnologia pensada, que não esteja mirada contra nossos cérebros quando entramos no Instagram ou Twitter.